Segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

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Voltar “Onde eu fui me enfiar?”, disse jovem em vídeo antes de morrer em maratona organizada por grupo de Pablo Marçal, em São Paulo

Pouco antes de sofrer uma parada cardíaca durante uma maratona de rua realizada pelo grupo empresarial comandado pelo coach Pablo Marçal, no Alphaville, em São Paulo, Bruno da Silva Teixeira, de 26 anos, gravou um vídeo em que revelava uma mudança repentina na distância da prova, alterada sem o conhecimento dos corredores.

Bruno, que prestava serviços para uma empresa do grupo, partiu para correr 42 km no dia 5 de junho em um desafio proposto de última hora. O jovem e colegas que trabalham na XGrow – empresa criada por Marçal e comandada por um sócio, desde que o coach decidiu ser candidato a presidente, no ano passado – souberam na hora que o desafio havia dobrado de 21 km para 42 km.

“Onde eu fui me enfiar? Esse é o problema de andar com gente de frequência alta”, afirmou ele no vídeo, publicado na ferramenta stories do Instagram.

A família da vítima pede justiça e cobra investigação. A Polícia Civil de São Paulo investiga o caso como “morte suspeita”.

“Vocês com desculpas aí para fazer os treinos, para fazer acontecer. Marcelo [coach que estava no grupo] está dando aula da mentoria enquanto está correndo. Duas coisas ao mesmo tempo”, disse Teixeira em outro vídeo, gravado durante o exercício.

Entenda o caso

Teixeira passou mal no 15° km da corrida, por volta das 22h. Marçal não estava no grupo da corrida. No entanto, o desafio repentino de correr uma maratona foi dado dias após Marçal ter feito um vídeo no qual dizia ter completado uma corrida de 42 km. Na publicação, ele se gabava do feito e dizia: “Minha mãe não é mãe de fraco. Meu pai não é pai de otário. Minha vó não é vó de trouxa”.

Teixeira começou a trabalhar em dezembro do ano passado para uma das empresas da holding de Marçal. Elas ficam todas sediadas em um mesmo prédio, que pertence ao coach, em Alphaville. Foi deste edifício que o jovem partiu para a corrida em grupo.

Irmão havia alertado

Teixeira chegou a ser alertado pelo próprio irmão dele no dia da corrida. “Tenha cuidado, isso dá problema no coração, precisa fazer exame”, disse o familiar à vítima. Mas Teixeira respondeu: “Ah não, a gente vai devagar, só trotando”.

No último dos vídeos publicados por Teixeira, o jovem conta que precisou fazer uma parada por causa de um formigamento no pé, o que fez intensificar o exercício para reencontrar o grupo mais à frente.

“Eu tive que parar ali atrás para arrumar meu tênis, que estava apertado. Estava formigando o meu pé. Aí a galera foi e eu fiquei. Na vida também, o cara que você pegar como referência não vai te esperar. Ele vai fazer o que ele tem que fazer. Depois, irmão, você que tem que se lascar para alcançar ele. Alcancei, tô aqui. Tive que dar mais gás. Então, se você tem um cara de referência, não espere ele deslanchar na sua frente”, disse no vídeo o jovem, que passou mal pouco depois.

“Fatalidade”

O advogado Tasso Renam Souza Botelho, representante de Marçal, disse que seu cliente não se manifestou publicamente para não expor a família. O defensor também alegou que a maratona não foi proposta pela empresa, mas apenas “um treino entre amigos e veio a desaguar nessa fatalidade”.

“Não se trata de uma maratona nem de uma corrida ligada a empresa. Foi um treino desenvolvido por algumas pessoas, algumas são funcionárias que compõem o grupo empresarial e outras, não. Algumas passaram lá para deixar os carros porque o ponto de encontro do treino era um posto de gasolina próximo”, afirmou Botelho.

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